quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Além, ou aquém, da MLS - Entrevista com Marcos Senna





Este é mais um capítulo do Especial Soccer. Se você perdeu os anteriores, clique aqui.

Não só de Major League Soccer vive o futebol nos Estados Unidos. A MLS é a elite do futebol, mas existem outras ligas profissionais, equivalentes a segunda e terceira divisão (sem promoção ou rebaixamento), a NASL e a USL. A NASL é a reedição da North American Soccer League, que existiu entre 1968 e 1984, com o mesmo nome, mas com intenção diferente da antiga, que era apresentar o esporte para os EUA.

Pode parecer estranho para os torcedores ocasionais de futebol que o time mais famoso dos Estados Unidos, o New York Cosmos, não esteja na elite do futebol. Mas, superando esta história que rende um post no futuro, há pelo menos um jogador do atual elenco do ex-clube de Pelé, Beckenbauer e cia. que é bem conhecido dos brasileiros: o volante Marcos Senna, brasileiro naturalizado espanhol e campeão da Eurocopa de 2008 pela Fúria.

Senna ganhou um lugar privilegiado no museu do Cosmos. Foto: Instagram de Senna

Agora com 38 anos de idade, ele reconhece que não teria disposição para se comprometer com um futebol mais exigente, como a MLS ou até mesmo um retorno ao Brasil. Mas sobretudo, ele acredita que foi a decisão certa experimentar o futebol estadunidense e é firme: jogaria por muito mais tempo, se o corpo seguisse aguentado. Confira a entrevista exclusiva de Marcos Senna ao Gol de Ouro:

Senna disse que não estranhou as diferenças no estilo de vida nem no de jogar futebol:

"Não tive grandes dificuldades. Era um país que eu nunca tinha ido, mas tinha vontade de conhecer e ter uma experiência. Tá sendo uma experiência ótima, melhor do que eu poderia esperar, para mim e para minha família, que foi um fator fundamental para eu optar por aqui. Se tivesse escolhido outro lugar, não teria sido tão bom. Foi a escolha perfeita!"

"Eu pensei que quando chegasse aqui iria encontrar um futebol mais pegado, mais direto, o que iria me dificultar, mas não. O treinador Giovanni Savarese tem um conceito de toque, o que me ajudou a me adaptar melhor. Tanto que na temporada que cheguei, a de estreia do Cosmos, já fomos campeões da NASL. Posso pedir mais do que isso?", ri.

Foto: New York Cosmos via Getty Images (por Andy Marilin)

No entanto, Senna reconhece que o nível da North American Soccer League (NASL) não é lá tão puxado...

"Digamos que é nível de segunda divisão mesmo, comparado aos campeonatos espanhol ou brasileiro, por exemplo. Não tem aquela "cobrança" por parte da torcida, até porque não tem acesso ou descenso na NASL - é uma liga paralela à principal, a Major League Soccer. É óbvio que o treinador cobra, a pouca torcida que é mais presente também, afinal somos profissionais, mas eu não estou reclamando disso não. Mas é uma cobrança saudável, sem exageros."

"Está evoluindo muito, principalmente depois da Copa. Antes eu só via os americanos interessados por futebol americano, beisebol e os outros esportes populares, mas passaram a se interessar bastante pelo futebol. O pessoal parou pra ver a seleção americana jogar. E acho que só tende a aumentar agora com a vinda de Kaká, Lampard e os outros craques."

Inclusive, o maior artilheiro da Champions League, o eterno camisa 7 do Real Madrid, Raúl, vai jogar pelo NY Cosmos a partir de 2015. Ele também vai atuar como manager das divisões de base do clube, e vai continuar mesmo depois de se aposentar dos gramados.

O blog chamou a atenção de Marcos Senna que nos dois clubes que ele atuou desde que saiu do Brasil, portanto deixou pra trás sua terra natal, ele vestiu as quatro cores do país: amarelo (Villareal-ESP), verde, azul e branco (Cosmos-EUA). Ele ficou admirado:

"Verde, amarelo, azul e branco... onde eu estiver! Com a dupla nacionalidade, a Espanha passou a ser meu país também e me considero um privilegiado por isso. Vivi uma época dourada pela seleção, conquistei títulos... então pode incluir o vermelho também. É um privilégio poder representar essas cinco cores por onde eu passar, mas também uma grande responsabilidade."

Foto: New York Cosmos via Getty Images (por Andy Marilin)
Marcos Senna é um apaixonado por futebol e pelo jeito não vai viver sem o esporte mesmo quando se aposentar. Mas se depender dele essa aposentaria não sairá em breve.

"A ideia é seguir no Cosmos até quando o corpo aguentar. Tenho mais um ano de contrato do ano e a ideia é renovar por mais um, se eu estiver bem fisicamente. Aí com 40 anos, tá ótimo. Tenho a oportunidade de seguir trabalhando aqui no Cosmos, sim, mas também seria possível voltar ao Villareal para fazer parte da entidade lá. Mas eu foco só no futebol de agora, por enquanto. Afinal ainda tenho dois anos."

Lembrando que em 2016 há mais uma Copa, ele se diverte ao pensar na possibilidade de disputar um último torneio pela seleção espanhola:

"Isso não. Se há uma coisa certa é de que não vou retornar à seleção. A minha passagem pela Fúria, que foi muito bonita, está encerrada e isso já tem um tempo", ri.

Arte: Giovanni Sanfilippo
As fotos do New York Cosmos tiveram a reprodução autorizada pelo departamento de comunicação do clube.

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